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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Estela Benetti entrevista Nelson Santiago (Diário Catarinense 08.07)

Como o Badesc acelera investimentos
O ritmo de liberação de recursos pelo Badesc, a Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina, está muito acima da média de investimentos do Brasil. No período de janeiro a junho deste ano, a instituição emprestou para empresas, prefeituras e microempreendedores individuais, R$ 196,028 milhões, cifra 70,85% superior à contratada nos mesmos meses do ano passado, quando alcançou R$ 114,737 milhões. O presidente do Badesc, Nelson Santiago, explica que o crescimento foi menor do que o de 2011, quando o total de empréstimos cresceu 90% frente ao ano anterior. Como a economia brasileira enfrenta dificuldades para crescer, ele diz que o governador Raimundo Colombo quer que o Badesc faça o máximo pela economia do Estado. Por isso, destinou R$ 100 milhões dos recursos liberados pela União para compensar perdas futuras de ICMS de importações para capitalizar a instituição.O Badesc também é o financiador do Juro Zero, programa voltado amicroempreendedores.

A principal mudança no Badesc foi a criação do Juro Zero. Como evolui o programa?
Nelson Santiago –
Este foi o primeiro desafio diferente que o governador Raimundo Colombo nos colocou. O programa foi efetivado em novembro do ano passado, numa parceria do Badesc, Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), Sebrae e instituições de microcrédito (Oscips). Conseguimos elaborar uma equação financeira interessante, com empréstimos de até R$ 3 mil, nos qual a oitava parcela é o juro. Os primeiros contratos começaram a vencer em maio e a inadimplência é baixa, está em pouco mais de 1%.


Qual está sendo o papel do Badesc no apoio à economia?
Santiago –
O foco é a política de desenvolvimento econômico. A maior demonstração disso é que o governador decidiu, dentro do pacote de recursos que o Estado vai receber como compensação da Resolução 13 (da alíquota única de ICMS para importação), destinar R$ 100 milhões para capitalizar o Badesc. Temos um patrimônio líquido de R$ 460 milhões e essa nova cifra vai significar um aumento de mais de 20% do capital. Ele não faria isso se não tivesse a confiança de que vamos aplicar bem esses recursos. Nós atuamos com duas fontes de recursos, do BNDES e próprio. Como ele vai entrar no nosso bolo de recursos irá, majoritariamente, para as prefeituras. Às empresas, atuamos mais com recursos do BNDES, que está reduzindo taxas e ampliando prazos.


Como são as linhas de crédito para as prefeituras?
Santiago –
Os municípios representam quase 50% da nossa carteira de financiamentos, pelo programa Badesc Cidades, que financia quase todos os tipos de investimentos, desde compra de máquinas, software, construções e outros. No ano passado, essa linha contratou R$ 196 milhões. Financia por quatro anos, com 12 meses de carência e 36 de amortização. Essa linha não tem inadimplência porque as parcelas são cobradas do ICMS que vai para os municípios. As taxas são de TJLP mais 7,5% ao ano ou mais 9% ao ano.


E quais são as opções de financiamento para empresas?
Santiago –
O leque é bem maior. Focamos financiamentos para empresas com recursos do Badesc, o que não é possível fazer com linhas do BNDES. Os empresários do segmento de pequenas empresas reclamavam que não havia recursos para comprar imóveis usados. Incluímos entre os itens financiados por nós a aquisição de imóveis já construídos. O BNDES também não tinha, até há pouco, um apetite maior para capital de giro. Mas para alguns setores, o giro é fundamental para o crescimento. Aos têxteis, onde o ciclo de produção pode chegar a seis meses, o capital de giro é tão importante quanto o investimento. Por isso decidimos preencher essas lacunas. Os recursos do BNDES são mais baratos para giro, com taxas de 11% a 13% ao ano. As nossas têm taxas de 15% a 18% ao ano.



Nelson Santiago
Presidente do Badesc, instituição do Estado de Santa Catarina que financia investimentos. Nelson Santiago, 40 anos, de Blumenau, é graduado em Administração pela Furb, com pós-graduação em Marketing. Começou a trabalhar aos 13 anos como office-boy do Jornal de Santa Catarina onde ingresou na reportagem, foi repórter e apresentador da RBS TV e empresário do setor de comunicação. Entrou na política em 2001, foi secretário da Fazenda do prefeito João Paulo Kleinübing e assumiu o Badesc em janeiro de 2011.

Juro Zero
O presidente do Badesc, Nelson Santiago, informa que, por enquanto, não há definição para ampliar o Juro Zero para outras empresas, além dos empreendedores individuais. Quando o programa foi criado, o governo avaliou que precisaria de um ano para avaliar a sua evolução. Em junho, chegou a sete meses, com empréstimos totais superiores a R$ 10 milhões e atendimento a 3,6 mil empreendedores. No final do ano será feita uma avaliação e análise para ver a possibilidade do ponto de visa operacional e financeiro de oferecer a outros segmentos.


Financiamentos
Entre os maiores equívocos das empresas, segundo Nelson Santiago, está o fato de muitas usarem capital próprio para investir em máquinas e equipamentos e, depois, irem buscar dinheiro no banco para capital de giro. O certo é solicitar linhas de crédito mais baixas do BNDES ou Badesc para o investimento e usar o recurso próprio para giro porque o do banco é caro.

Empresas
O Badesc está mais rígido na liberação de recursos. O objetivo é evitar a inadimplência. A instituição conta com um departamento para cobrar débitos antigos. Atualmente, cerca de 50% dos recursos liberados são para empresas. No primeiro semestre, o setor alcançou R$ 81 milhões, 61,12% mais do que até junho do ano passado.


"Focamos financiamentos para empresas com recursos do Badesc o que não é possível fazer com linhas do BNDES."      Nelson Santiago


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